13/03/2017

CLAVILÂMINAS

O corpo do céu se estende como um rio que se passa por pele. pelas profundidades há doses suficientes de silêncio e de água ciclicamente saciando a fome das  quedas. no momento em que se compreende que as árvores nasceram para que cultivemos o dom da espera (sem a ortodoxia das pedras) em algum lugar do mundo um anjo explode um tanque de guerra. vamos percorrendo o corpo das estações intrínsecos como um tipo raro de sangue fluindo pelas fases da lua mariposeando em torno das lâmpadas das sensações tendo o reflexo das constelações circundando nossas virilhas há grandes possibilidades de dominarmos a arte de exumar os sonhos dos mortos perscrutados no âmago das flores ou de se fazer enxergar a tablatura das toadas do fogo e suas fraturas depois de tanta dança um fac-símile de a(r)derências quando platonicamente vemos as esculturas das sombras as chamas moribundas antecedendo as cinzas como a carne antecede ao pó. que rito ou mito tem prolongado a juventude do Vazio tem ocultado seus parentescos? auscultamos somente seus sinônimos através do desespero de distribuir nomes de forjar verdades do outro lado do biombo estão luzindo os esqueletos impossíveis do Mistério enquanto a estação das chuvas não vem  estaremos tocando clavilâminas em um dia de pouco vento

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