24/01/2018

Gustavo Caso Rosendi


Gustavo Caso Rosendi, (Argentina, 1962) . Nascido em Esquel, província de Chubut, nos traz em poemas de " Soldado" , livro de 2009, seu testemunho de combatente na guerra das malvinas, em 1982.  Interessante mencionar que Rosendi só escreverá sobre esse tema mais tarde, depois de já ter publicado seus outros dois livros de poemas: elegía común (1987) e bufón fúnebre (1995) . Participou ainda de uma  antologia com obras de ex-combatentes el viento tambíen recuerda
, e poesía 36 autores. Atualmente o poeta reside em La Plata, onde é considerado um cidadão ilustre.


A seguir, apresento 5 poemas traduzidos por mim:


Maol-Mhin

Era terriblemente bello
Mirar em pelno bombardeo
La suavidad com que caiam
Los copos de La nieve.



Maol-Mhin

Foi terrivelmente belo
Olhar – em pleno bombardeio-,
A maciez com que caiam
Os flocos de neve


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Cementerio Darwin

Espectrales mohaíes que aguardan
No sé qué del horizonte
Pajaritos muertos volando todavia
Em el silencio que escarbo
Com desesperación de perro
Compañeros que vienen a posarse
Em los omóplatos de mi sombra.
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Cemitério Darwin

Mohaíes espectrais esperando
Não sei o quê no horizonte
Pássaros mortos voando ainda
No silêncio que escavo
Com o desespero de um cão
Amigos que vêm vindo sentar
Nos ombros de minha sombra.


Pase inglês

Dados tirados ao sol
Luego de una noche
Em que la mano del destino
Nos agito por las colinas de Wireless Ridge
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Passe inglês

Dados lançados ao sol
Depois de uma noite
Em que a mão do destino
Nos sacudiu pelas colinas de Wireless Ridge

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Gurkas

Mercenarios de perfil bajo
(los únicos que lon vieron
Ya no están)
Cuchillos fantasmales
Cortando los sueños
¿pero acaso nosotros
No veníamos del país de
Las picanas sobre panzas
Embarazadas?
¿Quién le tenía que tener
miedo a quén?


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Gurkas
Mercenários de baixo perfil
( os únicos que os viram
Já estão mortos)
Facas fantasmagóricas
Interrompendo sonhos
Por acaso nós
Não viemos do país
Das picanas sobre barrigas
Grávidas?
Quem teria que ter
Medo de quem?
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Monte Longdon

Es como um corso es como si fuera el último febrero desde uma vitrola oxidada canta castillo siga el baile una mujer con rostro de ibis pasea en el chuingui-chingui llueven serpientes de papel la avenida con lamparitas de colores gualeguaychú todo nevado pero no le parece raro porque sabe que le tocaba mirar hacia el frente y ganas de tomarse uma cerveza y un cabeceo y otro y otro más y ahí está buscando a la marcela entre la gente pero una estatua lo detiene le besa la frente la bufanda se le escapa como um pájaro ciego se va enganchando entre las ramas se deshilacha escocesa en el cielo y llega um frio oscuro oscuro oscuro y ya no puede enterarse de aquel filo que se le apoya en la garganta justo cuando se encienden los primeros alaridos de la noche.




Monte Longdon

É como um desfile é como se fosse o último fevereiro a começar por uma vitrola enferrujada canta castillo segue o baile uma mulher com rosto de íbis passeia em chingui-chingui chovem serpentinas a avenida com pequenas lâmpadas de cores carnavalescas tudo coberto de neve, mas não lhe parece estranho porque sabe que lhe cabia olhar para frente e vontade de tomar uma cerveja e um cumprimento e outro e mais outro e de repente está à procura de marcela entre as pessoas mas uma estátua o detém lhe beija a testa o cachecol lhe escapa como um pássaro cego vai se enganchando entre os galhos se desfia o tecido escocês no céu e chega um frio escuro escuro escuro e já não pode se dar conta daquele fio que lhe enrosca na garganta exatamente quando se incendeiam os primeiros alaridos da noite.